Uma pequena faísca no Cerrado goiano. Assim surgiu o Contato Grupo de Dança em Goiânia, uma cidade relativamente nova, com poucos grupos de dança profissional e um panorama da dança acadêmica bastante rígido.
A companhia iniciou seu trabalho sem grandes expectativas e dentro de uma academia de dança tradicional. Um nascimento discreto e desconfiado, assim como a mineiridade da jovem e corajosa coreógrafa Janaina Romão. Uma pequena faísca e um grande presente para a cultura goiana. O Contato abriu caminhos para novos olhares da dança profissional no mercado de Goiás e influenciou muitos grupos, coletivos e artistas a se arriscarem. Mas o maior presente foi dado aos bailarinos que por ali passaram.
O aprendizado e a carga profissional que receberam repercutiram nas criações de dança que surgiram pelos anos, na cidade e no estado. O grupo não só revelou talentos, como também qualificou e impulsionou bailarinos amadores a conquistarem espaço em grandes companhias nacionais.
Nesta imagem, vemos a segunda obra do Contato Grupo de Dança, Mulheres de Francisco, porém, a primeira apresentada profissionalmente, um espetáculo leve e sofisticado, regado pela poética e delicadeza de Chico Buarque, responsável pela trilha sonora. A dança sublinhava as melodias e revelava o universo feminino através do olhar do músico e de Janaina Romão.
Para nós, do grupo, foi a primeira vez que alcançamos tamanha visibilidade e elogios. Ficamos anestesiados durante algum tempo. Quando revejo essa imagem, lembro-me do frescor e do entusiasmo de todos nós, das novidades, dos convites para apresentação e da excelência no fazer artístico. Tudo muito novo e
muito sensível.
Para representar o Contato, não poderia haver imagem melhor! A porta no fundo de cena do espetáculo Mulheres de Francisco tinha um papel importantíssimo na narrativa, e mais ainda na vida dos bailarinos. Esta porta nos mostrou um caminho, uma direção, e nos trouxe a clareza de uma transição.
Todos que passaram pelo grupo levaram a gratidão dentro de si, a irmandade “contática”. Levaram em seus corpos a faísca de um grupo que impulsionava, que projetava e fazia arte com muita verdade.
“Lembro do frescor e do entusiasmo de todos nós, das novidades, dos convites para apresentação e da excelência no fazer artístico.”
Criado em 2005, pela bailarina e coreógrafa Janaina Romão, o grupo era formado por jovens, incluindo a própria coreógrafa, e tinham o desejo de transpor o contexto das academias e experimentar novas possibilidades. Fizeram circulação nacional e apresentaram também na capital e interior. Encerraram suas atividades em 2012.
