“Ocupávamos um espaço bem movimentado pelos trabalhadores do teatro, da dança, do circo e da capoeira [...]"
Essa foto é de Preto no Preto, o segundo espetáculo concebido e dirigido por Luciana Caetano, e o primeiro a ser apresentado em palcos maiores como o Teatro Goiânia.
Havia uns dois anos que vínhamos trabalhando. A maioria de nós era iniciante na dança contemporânea. Ocupávamos um espaço bem movimentado pelos trabalhadores do teatro, da dança, do circo e da capoeira na cidade, o atual Centro Cultural da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Foram anos muito empolgantes e enérgicos nesse lugar, chamado de maneira muito familiar de Galpão da UFG, já ocupado pela Quasar Cia. de Dança, que há tempo já vinha se destacando, inspirando jovens talentos e escrevendo capítulos inéditos na história da arte de nossa cidade.
Ali não era só um ponto de encontro, mas também um ponto de estudo. Foram inúmeros cursos, oficinas e aulas de alto nível frequentadas por nós, do Grupo Solo (inicialmente Grupo Galpão), e por outros artistas com muita sede de conhecimento e aprimoramentos. Muitos processos de pesquisa, criações, intercâmbios e realizações. Boa parte da minha formação inicial se deu nesse lugar.
É bem imprimida nessa obra o envolvimento de Luciana Caetano com a africanidade brasileira, aspecto sempre presente em suas aulas e composições, o que muito estimulava nossos primeiros passos profissionais.
Pessoalmente, era muito proveitoso, pois iniciei na dança através da capoeira, especificamente a Capoeira Angola, a qual eu praticava no mesmo espaço cultural. Emendava-me em aulas e ensaios todos os dias da semana, e o que eu adquiria aqui melhorava ali, levando e trazendo conhecimentos – especialmente corporais – de uma prática a outra. Destaco-os como fundamentos nos prosseguimentos que dei, e continuo dando, aos meus estudos corporais, estéticos, pedagógicos e filosóficos.
Por fim, é muito interessante e importante o surgimento do Grupo Solo, assinalando prosperidades na História da Dança Contemporânea em Goiânia, que se desdobra, multiplica e se diversifica por todos os cantos.
Fundado em 1996, com o nome de Galpão, pela bailarina e coreógrafa Luciana Caetano, a partir de um projeto de dança do antigo NUCAIC/UFG, atual Centro Cultural da UFG. Formado por estudantes universitários e convidados, passa a se chamar Solo em 2000 no seu processo de profissionalização. Participa da cena cultural goiana até os dias atuais.